João Carlos quer Helmute para vice na FMF

Foto Arquivo SportSinop - João Carlos atual Presidente da FMF

Baiano, 63 anos, ex-jogador do Operário Várzea-grandense, empresário bem sucedido e ‘eterno’ vice-presidente da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) João Carlos de Oliveira Santos assumiu o comando da entidade este ano, após uma sucessão de tropeços que mancharam a entidade, como o episódio da escalação irregular de atletas, referendada por seu antecessor; episódio que provocou uma virada de mesa contra a própria entidade. 

Ciente das dificuldades e revelando muitos problemas, Oliveira diz por exemplo que a Arena Pantanal não pode receber jogos com mais de 10 mil espectadores porque o estádio não tem catracas e nem câmeras de segurança, exigidas pelo Ministério Público Estadual. Prestes a eleger uma nova diretoria na CBF e em meio a um mar de lama de corrupção no futebol mundial, o dirigente sonha em ver um futebol cuiabano na elite novamente. Reafirma que é candidato à sucessão de Carlos Orione e diz que quer Helmute Lawisch, presidente do Luverdense e também interessado no cargo, como seu vice.

O senhor assumiu a FMF e se surpreendeu com muitas dificuldades. Qual a sua avaliação desta temporada ?
Eu acho que o balanço é positivo. Eu assumi após o jogo Ponte Preta x Palmeiras, após o dia 6. Encontramos muitas dificuldades na Arena Pantanal e tivemos dificuldades para realizar a Segunda Divisão também. Se não fosse o nosso patrocinador, o Sicredi, a competição não seria realizada. O Sub-21 está indo de vento em popa. Devagarzinho estamos colocando a casa em ordem. O Helmute fez muito bem em voltar para Lucas do Rio Verde, porque o Luverdense corria um grande risco e ele como um dirigente competente conseguiu colocar o Luverdense numa posição um pouco mais acima. Acho que o 10º lugar é uma boa posição, e, além disso, graças a posição no ranking da CBF, conquistou a vaga na Copa Verde. Acho que se ele não tivesse voltado seriam muito ruim para o Luverdense, para a Federação e para o futebol mato-grossense.

Mas em compensação o Luverdense terá mais dificuldades em 2016 com as quedas de Vasco e Goiás.
Realmente, mas o Helmute é um grande dirigente, o Júnior Rocha um grande treinador. Sabem fazer um bom planejamento, além disso nós ganhamos do Vasco aqui na estreia por 2 x 1, então eu creio que eles farão um time em condições de chegar entre os quatro. Este ano foi muito pesado. Teve o Botafogo campeão, o Santa Cruz, Vitória e o América Mineiro. Com um bom planejamento eles tem competição até novembro.

Como ficaram as vagas de Mato Grosso nas competições nacionais de 2016?
Na Copa do Brasil ficaram Cuiabá (campeão), Operário (vice) e o campeão da Copa Sub-21. Na Copa Verde ficaram Cuiabá e o Luverdense, mais uma vez convidado pelo ranking nacional dos clubes. A Série D que virá do Campeonato Estadual, na Série C continua o Cuiabá e na Série B o Luverdense.

A Federação teve alguns problemas este ano como a virada de mesa que anulou o rebaixamento para a Segundona. Essa medida que beneficiou Sinop e Cacerense não desmoralizou a entidade? Afinal rasgaram o regulamento ?
Não. Primeiro é preciso dizer que nós da federação, digo nós porque o Helmute faz parte da diretoria. Quando ele tomou essa atitude eu alertei que não daria certo e pedi que fizesse uma portaria, não fez. Mas os clubes, numa assembléia geral aprovaram, a maioria aprovou essa medida. Futebol é preto no branco.

A FMF não errou ao escolher a faixa etária Sub-21 para uma seletiva para a Copa do Brasil que tem uma idade completamente diferente? Afinal o campeão terá que fazer outro time.
Os clubes que escolheram isso, é uma decisão que tem ser respeitada. Agora realmente será um problema para a reformulação do elenco. A Copa do Brasil oferece uma premiação muito boa, porém o clube que não se preparar bem corre o risco de ser eliminado na Primeira Fase. Então é importante atentarem para isso aí.

A FMF divulgou um patrocinador do Estadual/2015 e prometeu o sorteio de um caminhão de prêmios entre os torcedores, mas os ganhadores não foram divulgados. Houve ou não esse sorteio?
Teve sim. A Móveis Gazin foi parceira da Federação no Campeonato e foram dois ganhadores: um de Poconé e outro de Rondonópolis. Eu não posso dar explicação sobre a falha na divulgação porque era o Helmute que estava a frente da presidência e o Diogo (Carvalho, assessor de imprensa) era a pessoa responsável por essa divulgação. Quando ele voltar das férias creio que deverá fazer essa divulgação.

O mesmo patrocinador será mantido em 2016?
Nós estamos tentar renovar com a Gazin desde o mês de junho. Mas me surpreendi quando responderam á nossa solicitação quando afirmaram que não tinham mais interesse em patrocinador o Campeonato Mato-grossense. Agradecemos; foram muito úteis, não temos nada do que reclamar. Agora, patrocinadores novos estão vindo, já temos quatro marcas garantidas e vamos anunciar na hora certa.

O contrato com a TVCA continua? Quando foi repassado aos clubes este ano e haverá reajuste em 2016?
Já Estivemos na TV Centro América e falamos da necessidade de se aumentar o valor aos clubes. Teremos uma outra reunião em breve para batermos o martelo. Os clubes é que decidirão quanto vão pedir, a FMF apenas vai intermediar a negociação e defender os interesses de seus filiados. Este ano foram R$ 300 mil para o Campeonato, não tem segredo, e o contrato vai até 2017 e tem uma multa contratual. Daí em diante vamos ver se outras emissoras estarão interessadas também, se a atual pretende continuar ou não.

O que ficou decidido na reunião da CBF, após o licenciamento ‘forçado’ do presidente Marco Polo Del Nero.
Não tenho do que reclamar da CBF. O Marco Polo me ajudou muito na federação. Nunca mais tivemos jogos grandes em Cuiabá devido problemas com a Arena. O Ministério Público exige a instalação das catracas e as câmeras de segurança e enquanto isso não for resolvido, os equipamentos instalados, só podemos receber jogos para 10 mil pessoas. Aí fica difícil, não temos como trazer grandes clubes para jogar aqui. Eu não tenho estádio, que é do Governo. Conversei com o secretário Chiletto (Eduardo,da Secid) para buscarmos uma solução. Desse jeito ninguém encara uma promoção na Arena para perder. Espero que tudo isso seja sanado. Uma praça esportiva tão importante, tão linda e que custou tanto dinheiro não pode ficar ociosa.

Então, enquanto não forem atendidas estas exigências do MP, não teremos grandes jogos na Arena?
Já tivemos três audiências com o Ministério Público e somos cobrados. O Governo assumiu a responsabilidade perante o MP, afirmando que o estádio é dele. Como A Arena está judicializada, nem, nós, nem o Estado podemos mexer. É preciso ter bom senso. Além disso, vemos em todos os lugares do país, torcedores com charangas e bandeiras e aqui tem mais essa: o torcedor é proibido de comemorar. Eu nunca um torcedor do Dom Bosco brigar com alguém, são arestas que precisam ser aparadas.

E a liberação da cerveja nos estádios. Porque aqui ainda se decidiu esta questão?
Apesar da doutora Patrícia Ceni dizer que isso (liberação de cerveja nos estádios) não é coreto, eu não discutir o aspecto legal; discuto o futebol. Nunca houve atos violentos ou mortes nos estádios de Mato Grosso; a violência está nas ruas, não nos estádios. Na rua somos roubados, assaltados, humilhados. No estádio o cidadão vai para se divertir, gritar. Nós pagamos um tagseg (taxa de segurança pública) que não é barato e onde está a segurança? O torcedor tem que ficar em casa ? A Câmara Municipal deve aprovar essa Lei nos próximos dias.

O senhor é candidato à presidência da FMF. Como estão as tratativas?
Tradicionalmente a FMF sempre teve uma chapa pura, então na época certa vamos concorrer, sem atropelo, respeitando os estatutos, que prevêem o pleito para 2017.

Mas o senhor é candidato único, o Helmute desistiu?
Eu não sei, eu falo pela minha pessoa. Gostaria muito que ele fosse meu vice, sei da capacidade ele. Acho que ele poderia nesse momento tentar ajudar mais o Luverdense, como sempre ajudou e lá na frente e gente faz uma dobradinha, não é demérito de ninguém. Não podemos brigar. Temos que ser parceiros e unidos.

Uma frase antiga, volta e meia vem a tona: Para o futebol de Mato Grosso ser forte é preciso ter os grandes (Mixto e Operário) fortes. O que falta para isso sair do papel?
O Mixto é uma grande marca, um grande nome. Um grupo estava prestes a assumir o clube, dar sustentação financeira, mas o presidente Gatão não quis. A Federação não interfere e não pode interferir nos clubes, mas nesse caso faltou bom senso. Futebol sem dinheiro, esquece, não vai a lugar nenhum. O Operário teve o apoio do doutor Wallace (ex-prefeito) que ajudou muito e vai precisar de muita ajuda. É o time da cidade, mas é preciso fumar o cachimbo da paz em Várzea Grande. O bom exemplo e a grata surpresa é o Dom Bosco. A Aleco assumiu, fez um trabalho dentro da nossa realidade e o time está prestes a conquistar a vaga na Copa do Brasil. Faltam organização e planejamento.

Com que preocupação a FMF vê os COTS da Copa abandonados?
Falei recentemente com o Eduardo Chiletto (secretário das cidades), sobre o COT do Pari. Se estivesse concluído, mandaríamos a final da Copa lá, é muito mais barato que a Arena, que gera muita despesas. Acho que o Estado deve repassar a gestão para a Prefeitura, por questões de segurança e o Operário pode utilizar como sua base para mandar jogos oficiais. A Prefeitura pode fazer comodato com PM, Bombeiros, com quem quiser. É só repartir o pão. Não podemos deixar uma obra desse tamanho sendo depredada a sol e chuva.

Dia 16 tem eleição na CBF para escolher o vice-presidente da entidade. Está fechado o nome do Coronel Nunes (presidente da federação paraense) ?
Sim, 25 presidentes fecharam um acordo para apoiá-lo. Os clubes tem direito a voto, inclusive o Luverdense. O processo é simples: saiu o Ricardo Teixeira, assumiu o mais velho, o Marin. Como ele está mais de 160 dias afastado, automaticamente a CBF tomou a decisão de substituí-lo, como manda o estatuto. No dia 16 o estatuto será cumprido, haverá disputa, mas os clubes não conseguem ganhar das federações e deve ser reeleito o quarto vice-presidente.
Fonte: SportSinop/Valcir Pereira     e ntrevista originalmente publicada no jornal A Gazeta 
Fotos: Redação/SportSinop

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